terça-feira, 16 de setembro de 2008

Descendência Afro-Brasileira

Em resumo, diz o Estudo que a população negra tem hoje, em média, os níveis de qualidade de vida que a população branca tinha no começo dos anos 90, um déficit de dez anos. O Atlas também registra avanços em várias áreas – como na redução do trabalho infantil, aumento da expectativa de vida e um declínio – ainda que pequeno – no número de pobres entre os negros, porém, essas mudanças estão longe de colocar os dois "Brasis" em condições de igualdade.
Diante destes números que, na verdade, nada mais fazem do que confirmar outros dados e estudos de instituições como o IBGE, IPEA, DIEESE, além de trabalhos de pesquisadores e acadêmicos renomados, não faltam os que recorrem às explicações mais disparatadas e “criativas” para negar o que salta aos olhos: que tais desvantagens para a população negra estão umbilicalmente associadas ao nó da herança maldita do escravismo, dívida jamais assumida pelo Estado brasileiro.
É impressionante o esforço que fazem os que, contra todas as evidências, insistem em “brigar” com os números, para negar que o processo de exclusão social responsável pelo fosso entre os dois Brasis – uma espécie de apartheid cordial, sem a violência explícita de leis segregacionistas como na África do Sul – só tem uma explicação: o racismo que criou raízes profundas no imaginário brasileiro e que diariamente remete à população afrodescendente aos espaços da invisibilidade e/ou da subalternidade.

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